Linhas de Nazca

LINHAS DE NAZCA

Lugares misteriosos, fatos enigmáticos… nesta publicação comentarei um pouco sobre um dos fatos mais inexplicáveis do mundo, que ainda geram interrogações variadas nas cabeças dos estudiosos: as famosas Linhas de Nazca, conjunto de geóglifos (desenhos de proporções gigantescas) traçados sobre o solo do Deserto de Nazca, situado a sudeste do Peru, a aproximadamente 450 Km de Lima, capital do país. 

Linhas de Nazca, Peru
Linhas de Nazca, Peru

As Linhas de Nazca foram, sem dúvida, um dos descobrimentos arqueológicos mais marcantes do século XX, e são atualmente consideradas Patrimônio da Humanidade pela UNESCO desde 1994.

No final da década de 20, foram encontradas “inscrições” na superfície do solo árido do Deserto de Nazca. Tratavam-se de formas geométricas imensas, perfeitamente bem desenhadas e alinhadas, representações de figuras de animais e humanas, que ainda hoje deixam os investigadores sem respostas específicas sobre como foram criadas, por quem, quais os seus reais significados, etc. 

Deserto de Nazca, Peru
Deserto de Nazca, Peru

Atualmente, Nazca é um dos centros de interesse turístico mais populares e animados do Peru, que costuma receber milhares de viajantes por ano (entre eles, cientistas e outros intelectuais), interessados em observar de perto essas peculiares “obras de arte” antigas. 

Linhas de Nazca: como tudo começou…

As Linhas de Nazca foram descobertas em 1927 por Toribio Mejía Xesspe, arqueólogo peruano, que percorria os vales do sul do país em busca de novas missões arqueológicas. 

Uma vez nas encostas dos Andes do Sul, Mejía reparou nas “anomalias” localizadas no grande deserto de Nazca (região até então inexplorada e sem muita importância para a maioria das pessoas). 

Nazca, Peru
Nazca, Peru

Antes da chegada de Mejía ao local, apenas os conquistadores espanhóis se deram conta desses desenhos. Pedro Cienza de León publicou, em 1553, um livro chamado Crónica del Perú, e nele mencionou a existência desses traçados no solo da região de Nazca, que eram visíveis graças às elevações serranas presentes nos arredores da região. 

Alguns anos mais tarde, Luis Monzón concluiu que aqueles traçados deviam ter sido estradas. 

Os conquistadores espanhóis já haviam se apercebido das Linhas de Nazca, só não dispunham da tecnologia que temos hoje para documentá-las
Os conquistadores espanhóis já haviam se apercebido das Linhas de Nazca, só não dispunham da tecnologia que temos hoje para documentá-las

Entretanto, foi apenas quatro séculos mais tarde que se descobriu a verdadeira dimensão desses “traçados” no árido solo do Deserto de Nazca. Após Mejía perceber as mesmas linhas vistas por Pedro Cienza quase 400 anos antes, foi o recurso à exploração aérea que possibilitou-lhe documentar as tais “irregularidades” do Deserto de Nazca! 

Olhando de cima é possível observar o espaço enorme de 150 km² onde essas “marcas” aparecem, apesar da maior parte dos desenhos concentrar-se em apenas 20 km². 

Com a chegada do investigador americano, Paul Kosok, ao local, em 1939, a área toda pode ser fotografada e estudada mais a fundo. 

As Linhas de Nazca formam desenhos complexos, diagramas de proporções homéricas e incrivelmente exatos. A magnitude dessas formas estampadas no chão do Deserto de Nazca é descomunal, e a linha reta mais comprida estende-se por quase 14 Km. Também existem círculos e linhas em ziguezague de uma perfeição indescritível: algumas simples, outras extremamente complexas. 

Desenhos de Nazca, figura do colibri
Desenhos de Nazca: figura do colibri

Um outro grupo de traçados é constituído de figuras geométricas (triângulos, retângulos e trapézios, em sua maioria) de uma precisão matemática inexplicável, formando uma série de pistas que constituem o chamado Grande Retângulo: uma figura de proporções gigantescas, com 850 m de comprimento por 110 m de largura. 

Finalmente, foram descobertas igualmente representações de diversos animais: um condor, um macaco, um pelicano, uma garça, um colibri, uma aranha, uma orca, um lagarto, um cão, uma baleia e uma figura humana, localizada na encosta de um cerro, além de uma imagem que se assemelha a mãos humanas estendidas. 

As Linhas de Nazca são compostas por quase 70 imensas figuras: o Grande Colibri, por exemplo, mede 97m de comprimento, e o pelicano chega a 285m, uma loucura!

O conjunto de todos esses desenhos é denominado geóglifos (termo de origem grega que significa “gravado na terra”.) 

Após alguns anos de exploração dessa área por estudiosos, outros desenhos foram revelados, sendo a última descoberta documentada recentemente, em 2011. 

Linhas de Nazca: mas afinal o que nos diz o solo desértico?

Qual a antiguidade exata das Linhas de Nazca? Como elas sobreviveram aos efeitos nefastos da ação do clima e da erosão? 

Montanhas desérticas
Montanhas desérticas

Bem, a resposta para a segunda questão foi encontrada nas próprias características do Deserto de Nazca: as extremas condições climáticas ali presentes possibilitam que a ação humana sobre a sua superfície seja quase permanente.

O solo desse deserto é constituído de uma primeira camada de areia e de rochas ricas em ferro, que se oxidam em contato com o ar, atribuindo-lhe uma cor avermelhada. Mais abaixo, há uma camada calcária de gesso mais resistente, onde os desenhos foram realizados. Ao ser retirada a primeira camada avermelhada, deixando a segunda descoberta, em contato direto com o ar, ela endurece e adquire uma cor amarelada. 

Paisagem desértica: climas extremos
Paisagem desértica: climas extremos

Como não há chuvas e ventos fortes nesse local, os desenhos puderam sobreviver a vários séculos, para a sorte do patrimônio arqueológico mundial.

A tarefa mais difícil foi descobrir a data exata das formas que compõem as Linhas de Nazca. Ao estudarem esse lugar, os pesquisadores encontraram fragmentos cerâmicos e objetos usados (muito provavelmente) para a elaboração desses desenhos, como estacas de madeira, por exemplo.

Os cientistas conseguiram estabelecer a relação desses elementos com jazidas que foram descobertas nas proximidades dos vales andinos. Chegaram à conclusão de que uma antiga civilização, denominada “cultura nazca”, habitou a região durante os séculos II e VI d.C. 

Nas principais jazidas foram encontrados restos cerâmicos semelhantes àqueles do deserto, e nos túmulos foram descobertos belíssimos tecidos decorados com motivos que remetem aos geóglifos

Concluiu-se que as Linhas de Nazca datam da época de esplendor da cultura nazca. Especula-se que essas linhas devem ter sido produzidas durante longos períodos de tempo, e mantidas de geração em geração, dadas as suas proporções. Isso explicaria por que alguns desenhos apresentam-se sobrepostos, por exemplo: as necessidades de um momento específico poderiam ter sido diferentes daquelas de períodos anteriores.  

Representação de culturas pré-hispânicas: e se os povos locais tivessem podido voar?
Representação de culturas pré-hispânicas: e se os povos locais tivessem podido voar?

Deduz-se igualmente que o trabalho de limpeza do terreno deve ter sido feito à mão, através da mobilização de um imenso número de pessoas, em razão da inexistência de evidências que indiquem o uso de recursos como o gado, carros e qualquer outro tipo de “maquinário”. Isso nos dá uma idéia da dimensão do desenvolvimento que a cultura nazca provavelmente alcançou, uma vez que conseguiu empregar tanta gente para efetuar tais ilustrações. 

Contudo, a exatidão matemática do traçado e a incrível precisão geométrica das figuras ainda intrigam os pesquisadores. A margem de erro na projeção das linhas é de menos de 0,002%! São retas perfeitas. 

Como foi possível a reprodução de ilustrações de tais dimensões numa época tão remota, de forma tão impecável e sem poder observar do alto para ver como o trabalho estava evoluindo?

Hoje em dia há diversas teorias que tentam explicar tal questionamento, mas nenhuma delas está confirmada. 

Linhas de Nazca: quais as explicações mais plausíveis para essas figuras misteriosas?

Existem várias teorias e suposições a respeito das figuras misteriosas de Nazca. 

A teoria da arqueóloga alemã Maria Reiche sugere que a realização dos Traçados de Nazca foi possível através de uma técnica chamada “sistema de redução ao quadrado”, igualmente empregada na execução das grandes obras do Egito Antigo, por exemplo. Seguindo essa linha, figuras previamente desenhadas em pequenas escalas são aumentadas de tamanho usando modelos matemáticos para essa finalidade. 

Os povos antigos tinham grandes conhecimentos de matemática e astronomia
Os povos antigos tinham grandes conhecimentos de matemática e astronomia

Para a realização dos desenhos no solo, ferramentas como estacas e cordas foram provavelmente usados, a fim de manter o traçado das retas e a precisão das curvas. 

Há quem tenha pensado na possiblidade de os povos nazcas terem conseguido voar, para supervisionarem a execução desse trabalho: em 1976, um grupo de cientistas produziu uma espécie de globo voador, com tecidos e materiais semelhantes aos encontrados nas jazidas da região, que obteve sucesso em um breve vôo sobre os geóglifos

Deserto de Nazca: sobrevoando o local
Deserto de Nazca: sobrevoando o local

Ainda que alguma dessas suposições sobre a realização desse trabalho esteja correta, os questionamentos sobre a finalidade e o significado das Linhas de Nazca permanecem um mistério. 

O seu descobridor, Mejía Xesspe pressupôs que as Linhas de Nazca deviam ter tido uma conotação religiosa. As imagens corresponderiam a algum ritual e a atos de adoração de Deuses. 

Posteriormente, Kosok e Maria Reiche sugeriram que as figuras de Nazca estariam relacionadas a um imenso zodíaco, já que as linhas, os triângulos e os trapézios constituem elementos para observações astronômicas. Segundo esses estudiosos, as Linhas de Nazca representariam o mais extraordinário calendário do mundo antigo, que teria sido usado para prever, com precisão, o começo das estações e das colheitas, sendo alguns dos desenhos representações de constelações. 

E se esses geóglifos tivessem sido um calendário astronômico?
E se esses geóglifos tivessem sido um calendário astronômico?

Essa teoria foi desmentida mais tarde, porque 80% das direções para as quais apontavam os desenhos não coincidiam com os pontos cardeais relacionados com as constelações. 

Outros investigadores sugeriram que as Linhas de Nazca poderiam estar relacionadas a algum esporte, já que nas culturas pré-hispânicas o esporte tinha grande importância (vide o jogo de bolas da sociedade maia). 

O explorador britânico Tony Morrison propôs que esses traçados misteriosos poderiam representar lugares de reunião e de culto aos antepassados desses povos indígenas. 

Outros, sugeriram que as formas de Nazca estariam relacionadas à fertilidade, já que a cultura nazca estava organizada em torno de um sistema agrícola importante, com um complexo sistema de canalização de águas provenientes das montanhas. No deserto, faria sentido que se empreendessem pistas para o culto à fertilidade e à água. 

Ainda assim, tudo são suposições, e nada é comprovado cientificamente. 

Linhas de Nazca & esoterismo

A partir dos anos 60, diversas teorias espiritualistas surgiram para tentar explicar esse grande mistério dos tempos modernos.

Alguns afirmaram que as Linhas de Nazca teriam sido realizadas por extraterrestres (ou com a ajuda de outros seres místicos), ou que teriam sido um campo de aterrissagem de naves espaciais. 

Teriam esses famosos desenhos sido feitas por extraterrestres?
Teriam esses famosos desenhos sido feitas por extraterrestres?

O desenho humano de Nazca passou a ser conhecido como “O Astronauta” durante esse período. 

A verdade é que Nazca continua a ser ainda hoje um grande mistério: a arqueologia e a ciência trouxeram muitas informações sobre essas obras de arte do mundo antigo, mas apenas o tempo e os avanços científicos poderão responder de fato as muitas dúvidas que essas figuras estranhas do deserto suscitam. 

Linhas de Nazca: é possível visitar esse lugar mágico?

A resposta é sim, mas não é um programa muito barato: prepare-se para pagar em torno de USD 70,00 por um sobrevôo de aproximadamente meia hora pela região. 

Na cidade (assim como no aeroporto) de Nazca (distante uns 450 Km de Lima) há algumas empresas e agências oferecendo o passeio, com preços variados: é possível sobrevoar as Linhas de Nazca em visitas guiadas, através de ultraleves credenciados por empresas locais. Muitos desses pequenos aviões têm capacidade para poucas pessoas (em torno de 6 aproximadamente). 

Esse é o Condor-dos-Andes: o maior pássaro do mundo e um dos poucos que consegue voar em altitudes extremamente elevadas. É símbolo místico de várias culturas pré-hispânicas
Esse é o Condor-dos-Andes: o maior pássaro do mundo e um dos poucos que consegue voar em altitudes extremamente elevadas. É símbolo místico de várias culturas pré-hispânicas

Para quem tem medo de voar, outra maneira de observar as Linhas de Nazca é subir na Torre de Observação (afastada em torno de 20 Km do centro de Nazca, na Panamericana Sur). Essa torre possui 12m de altura e, do topo, é possível contemplar a figura das mãos, a árvore e o lagarto apenas. Ainda assim, se você decidir subir a torre, não perca o por do sol lá de cima, que é fantástico!

A paisagem do deserto é incrível, sendo o local árido e com clima muito seco (leve hidratante para proteger a sua pele, óculos de sol, filtro solar e boné).

Explorando o Deserto de Nazca, no Peru
Explorando o Deserto de Nazca, no Peru

E então, partiu Nazca?

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